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Zine de Pão

Caderno de notas sobre farinhas, leveduras e temperaturas

Zine de Pão

Caderno de notas sobre farinhas, leveduras e temperaturas

16.Out.17

A saga dos croissants

Já diz o outro, nem tudo o que vem à rede é pão. Li um artigo que saíu há uns dias sobre um padeiros francês a tentar lutar pelo verdadeiro croissant francês, feito de farinhas sem aditivos, com manteiga (margarina, estou a olhar para ti outra vez) e cozido no próprio local - que é diferente de ser reaquecido ou que a cozedura se termine no local (bakeoff).

Nós em Portugal também não sabemos o que é um croissant francês, ou pelo menos em Lisboa. Sempre ouvi dizer que a situacão dos laminados é diferente no norte do país, onde ainda se trabalha com manteiga. Por tradição, nunca fomos dados muito ao croissant folhado. Em Portugal come-se croissant brioche.. e apesar de ser brioche nem este é feito com manteiga. Os croissants folhados que encontramos, vão pelo mesmo paradigma dos croissants do artigo - ora são feitos com margarina, ora são feitos com manteiga mas vêm de França numa caixa com a palavra "BEURRE" assim em letra grande. Tudo numa base industrial de bake-off, congelados, etc. 

O mesmo se passa com o nosso pastel de nata, coitado. Ver uma versão feita com manteiga é apenas uma miragem, até naquele sítio que se chama manteiga qualquer coisa eles são feitos com margarina (misturada com um pouco de manteiga para ser honesto). Pois.

A justificação para uso da margarina é a mesma em todo o lado: "é mais barato", "é mais fácil de trabalhar" e a "manteiga tem vindo a subir de preço". Tudo razões válidas, certo. O que eu me pergunto é: vocês não preferiam com consumidores ser informados que o croissant é feito com manteiga e daí pagarem um preço um pouco mais alto? Ou melhor, nós como consumidores não conseguimos pensar "Ok, o croissant no hipermercado custa 0,35€ por croissant... se calhar há aqui alguma coisa que não bate certo. É demasiado barato."

Sou muito a favor de uma reeducação da nossa maneira de pensar sobre a comida. Deixo-vos com uma citação de uma pessoa que admiro muito, a My Feldt:

"Não é a comida boa que é cara, é a comida má que é barata demais."

 

Pensem nisto e dêem a vossa opinião sobre o assunto aqui ou no Facebook.

O artigo em questão: http://www.telegraph.co.uk/news/2017/10/11/french-bakers-crusade-save-genuine-croissant-strikes-national/

 

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